Mais ou Menos Isso – Chapeuzinho Vermelho numa versão suburbana

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Pra começar, é difícil imaginar que na Zona Norte os nomes dos personagens fossem tão sem criatividade. Chapeuzinho Vermelho, Lobo, Vovozinha e Caçador. Tá zoando, né? Aqui seria no mínimo CV, Bocão, Coroa e Galudão. No mínimo.

Isso é só pra você ter uma noção do que eu tô querendo dizer. Porque na nossa realidade a Vovozinha não ia morar no bosque, ia morar no máximo numa casa no Grajaú. E em vez de andar entre as árvores, a Chapeuzinho Vermelho ia ter que atravessar o trânsito pegando o 422 lotado ou o 238 com gente em pé antes da roleta. Sem ar condicionado, é claro.

E essa história de que a neta que leva doces para a avó? Estranho… Não sei como seria nas outras áreas da cidade, mas na família suburbana é a avó que sempre enche os netos de doce. É pavê, quindim, brigadeiro, manjar, pudim. Na boa, é papo de ficar diabético em um almoço. E mais uma coisa: a Chapeuzinho leva uma cesta por quê? Vai fazer piquenique dentro de casa? Qual é o próximo passo? Vai brincar de soltar saco de supermercado pela janela?

A gente sabe que na nossa versão, a querida CV não ia sair de casa com uma cesta de doces. Até porque ela ia aproveitar pra comprar umas paçocas e aquela pipoca do pacote rosa no ônibus ou ia passar na Casa do Biscoito. Quem nunca?

Tem outra parada muito bizarra também. O Lobo, ou Bocão se você preferir, consegue comer a Vovozinha toda (com ceroula e tudo, amigo!). Tô imaginando o estrago que ele faria na Pizzaria York, no Norte Grill ou no Habib’s de madrugada.

E você já reparou como o Caçador aparece do nada na história. De onde ele surgiu, me diz? Veio com esse novo BRT? Desceu em Vicente de Carvalho e fez baldeação?

Mas tranquilo. Porque se esse conto fosse na Zona Norte, teríamos que mudar muita coisa mesmo. Tipo, até parece que a moral da história ia ser “não fale com estranhos”. Na verdade, seria muito mais pra “se liga naquela figura entrando no ônibus. Melhor descer e pegar outro, né?”.

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*As opiniões publicadas nesta coluna são de responsabilidade integral dos autores e não representam necessariamente a opinião deste site.

Mais ou Menos Isso – 10 slogans da Zona Norte

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Vila da Penha. Não, aqui não é Penha.

Água Santa. Sabe o Méier?

Lins. Não, também não é Méier.

Vila Isabel. Todo mundo bebe, todo mundo samba.

Parada de Lucas. É nóis!

Ramos. É muito cacique pra pouco piscinão.

Engenho de Dentro. Quem não saltar agora só em Realengo.

Todos os Santos. Apenas algumas ruas.

Caju. Descanse em paz.

Bonsucesso. É assim que se escreve.

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Mais ou Menos Isso – Nunca entendi por que…

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Nunca entendi por que algumas pessoas falam Saens PeÑa e outras falam Saens PeNa.

Nunca entendi por que o trânsito da Avenida Brasil muitas vezes acaba do nada, sem ao menos te mostrar um acidente ou um carro parado.

Nunca entendi por que o bairro se chama Rio Comprido. Não vai me dizer que aquele valão da Paulo de Frontin já foi um rio? Nasci na época errada, é isso?

Nunca entendi por que o Alto da Boa Vista se chama assim se quase todo o trajeto é cercado por mata fechada que não deixa ver nada.

Nunca entendi por que tem que pagar pedágio na Linha Amarela se eu não tô entrando em outra cidade.

Nunca entendi por que o ônibus 432 só passa com ar-condicionado quando o dia está frio ou chovendo.

Nunca entendi por que o caminho do ônibus 456 é Norte Shopping – General Osório, se ele dá a volta ao mundo.

Nunca entendi por que Vila Kosmos se chama Vila Kosmos. Que que isso? Um episódio dos Cavaleiros do Zodíaco?

Nunca entendi por que quem nasce na Tijuca vira tijucano, mas quem nasce no Colégio não vira, sei lá, pré-vestibulando.

Nunca entendi por que existe um lugar chamado Penha, outro chamado Penha Circular e outro Vila da Penha. Acabaram as opções de nome na hora de criar os bairros, é isso?

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Mais ou Menos Isso – E se os bairros da Zona Norte fossem as seleções?

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Méier, por exemplo, seria Camarões. Afinal, não é qualquer um que tem leão em suas terras. Ou você vai dizer que nunca foi na Dias da Cruz aos domingos? Já deve até ter tirado foto com aquele leão que eu sei.

Já o Cachambi seria Nigéria. Todo mundo pensa que é Méier, que é tudo igual. Mas na verdade tem seu próprio território.

O Rio Comprido seria a pequena Costa Rica. Apesar de estar entre os grandes como Tijuca e Estácio, ele tem o seu valor. Veja o Túnel Rebouças, por exemplo.

Bento Ribeiro seria Portugal. É de lá que vem o craque Ronaldo 😉

Del Castilho, com o Nova América, é tipo a Argentina. No fundo, no fundo, o que a gente gosta mesmo é de ir lá e dar um passeio.

Agora, o Grajaú seria o Uruguai. Até porque lá pode morder à vontade. Inclusive, me vê 3 pastéis do Adão, por favor.

Rocha seria os Estados Unidos. Você acha que vai ser fácil fácil passar por eles. Mas no final das contas passa o maior sufoco na 24 de Maio.

Com certeza a Penha seria a Grécia. Afinal, só eles podem bater no peito e dizer que têm o Olimpo.

E a Tijuca? Espanha, é claro. Depois de um jogo no Maracanã, volta pra casa rapidinho.

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Mais ou Menos Isso – Ser Zona Norte

Hoje inauguramos uma nova seção em parceria com o Mais ou Menos Isso, blog de humor que irá animar a segunda-feira a cada 15 dias. No texto de abertura, eles falam um pouco sobre o que é ser Zona Norte, de um jeitinho que todo mundo que é da área sabe bem como é!

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Ser Zona Norte é soltar pipa quando criança e depois de crescer também. Ser Zona Norte é não ter vizinhos, mas sim amigos da rua. Ser Zona Norte é ir a pé pro Maracanã e pra quadra do Salgueiro, da Portela, da Vila Isabel, da Mangueira. É torcer para uma escola de samba que nem se torce para um time de futebol. Ser Zona Norte é saber a diferença entre Méier, Cachambi e Lins. E entre Tijuca, Usina e Andaraí. Ser Zona Norte é saber dançar charme e fazer passinho. Ser Zona Norte é já ter tomado banho de espuma no antigo Imperator. Ser Zona Norte é criar moda que as pessoas vão copiar depois lá na Zona Sul. Ser Zona Norte é se achar mais malandro só por ser da Zona Norte. Ser Zona Norte é ter cidadania própria: “sou tijucano”. Ser Zona Norte é ficar na dúvida se faz baldeação em Botafogo ou na Central. Ser Zona Norte é perguntar de que lado da linha do trem fica um determinado lugar. Ser Zona Norte é saber que o que você procura tem lá no Mercadão de Madureira. Ser Zona Norte é já ter comemorado aniversário no rodízio da Parmê. Ser Zona Norte é sempre comer um podrão depois da night. Ser Zona Norte é ouvir aquela música do Claudinho e Bochecha e cantar mais alto a parte que fala o nome do seu bairro. Ser Zona Norte é pegar um táxi à noite e ouvir do taxista que dali ele aproveita e já vai embora pra casa também. Ser Zona Norte é tudo isso e muito mais. Ser Zona Norte pode até ser mudar de zona, de cidade, de país, mas jamais deixar de ser Zona Norte.

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