Jeza da Pedra_por_João _Pacca

Jeza da Pedra: “um périplo polifônico pelo desbunde passiva-não-pacífica da marginália carioca”

Jeza da Pedra: “um périplo polifônico pelo desbunde passiva-não-pacífica da marginália carioca”

Jeza da Pedra_por_João _Pacca

Foto: João Pacca

No último verão, o músico Jeza da Pedra começou a chamar a atenção nas cenas de rap e funk carioca. Compositor dos hits Terrorista Viado e Celular (versão tecno-forró de Hotline Bling, de Drake), Jeza conquistou as festas LGBT e logo entraria no set das rádios comunitárias do Rio. Crescido no Morro da Pedreira, ele é o primeiro rapper abertamente gay surgido na cena do hip hop carioca. Neste mês, Jeza lança o seu primeiro EP, “Pagofunk Iluminati”, com show de lançamento no dia 01 de julho, no Espaço Éden, que fica na RuaSacadura Cabral, 109, no centro do RJ. (Mais informações aqui.)

Convidado por Rico Dalasam a fazer uma participação em seu último show no Circo Voador, ele também já dividiu o palco com artistas como Linn da Quebrada e Larissa Luz. Produzido por Jeza e Juan Peçanha, “Pagofunk Iluminati” é um retalho de ritmos periféricos com requintes de gambiarras sonoras.

No disco, Jeza se move pelas vielas do rap, samba, funk carioca e música eletrônica. Entremeado por citações de Silas Malafaia e Jorge Lafond declamando Fernando Pessoa, o álbum foi gestado nas horas vagas do semestre em que ele trabalhou como anfitrião de karaokê em Campos dos Goytacazes, norte fluminense.

Algumas faixas estavam pré-produzidas com outros parceiros, mas chegando em Campos conheci o produtor Juan Peçanha, que investiu na ideia do disco e deu um toque mais pop, mais sci-fi, nas perturbações que eu fazia com as músicas

Na definição do cantor, “Pagofunk Iluminati” é “um périplo polifônico pelo desbunde passiva-não-pacífica da marginália carioca”. Em suas letras, Jeza versa sobre suas andanças pela noite do Rio, narrando a si como um dândi periférico, espécie de mash-up de Oscar Wilde com Racionais MCs. Frequentador de rodas de rima e bailes da Baixada, Jeza se vale de sua poética bem-humorada para criticar a gentrificação na capital carioca: "Shitaki emancipado/ mais mídia que a Ivete/ com noiz tu não se mete/ tu gourmetiza o meu croquete/ sai que tu é mó bad/ mais Jiban q a UPP”, ele ironiza, no rap-funk Sai que tu é mó bad.

Na faixa "Cuida Noiz", após a introdução da ativista transexual Indianara Sophia, ele sampleia trechos bíblicos para denunciar: “Fariseus, falsos profetas e lobos vendem essa babaquice de ideologia do gênero em de vez apregoar amai uns aos outros”. Nascido em família neopentecostal e alfabetizado com os versos do Pentateuco, Jeza evoca também suas raízes na diáspora africana na música "Rolê de Ogum". O nome de Jeza se confunde com o título do seu principal hit, “Terrorista viado”. A vida do músico, digna de um grande personagem literário, oferece elementos para compreender a origem da composição. Com passagens pela carceragem da Polinter e pela Sorbonne, ex-michê de sauna, ex-concierge de hotel cinco estrelas, ex-vendedor de picolé, Jeza divaga com propriedade sobre o que é ser um “terrorista viado” em tempos de ascensão conservadora:

Ser terrorista viado é ter o corpo fechado contra toda sorte de normativice. É não se conformar com a bolsada de lixo homofóbica no pátio da escola. É sair do armário do telemarketing. É fazer um feat. de Jesus de Nazaré com tambores de candomblé. É ser mais passiva que o agressor.

Música e literatura marcaram a formação de Jeza, e sem preconceitos formais. Poeta editado em zines do Rio e de Santa Catarina, ele é autor publicado também na revista de arte erótica Nin. O show na Casa Éden contará com a direção musical de Eduardo Santana (Afrojazz) e Cairê Rego (Baleia). 

Ouça aqui o EP completo “Pagofunk Iluminati”:

Memória em Verde e Rosa

Memória em Verde e Rosa – Um filme de Pedro Von Kruger

Memória em Verde e Rosa - Um filme de Pedro Von Kruger

O documentário "Memória em Verde e Rosa", de Pedro von Krüger já está nas telas de cinema! No filme, o morro da Mangueira é o palco onde o compositor Tantinho e antigos sambistas da campeã do Carnaval de 2016 recontam memórias da favela e do samba. A produção é da Com Domínio Filmes e Formiga Produções Culturais e a distribuição da Com Domínio Filmes. 

No filme, ao som de canções marcantes como "Linguagem do Morro" e "Exaltação à Mangueira", conhecemos mais do morro símbolo do Rio de Janeiro que, ao longo de mais de 80 anos, tornou-se um lugar de referência para a história do samba. O longa mostra os desafios e dilemas que os personagens enfrentaram para conquistar respeito na comunidade, reconhecimento na escola e espaço no meio artístico.

"Memória em Verde e Rosa" ressalta a força da Estação Primeira e de sua tradição musical, que se revelam na integração com a vida cultural da cidade. Além do compositor Tantinho, conta com as presenças do lendário mestre-sala Delegado, de Suluca, baiana mais antiga da agremiação, dos compositores Nelson Sargento, Hélio Turco, dos percussionistas Carlinhos do Pandeiro, Jaguara e, através de um rico material de arquivo, traz nomes como Cartola, Geraldo Pereira, Nelson Cavaquinho, Padeirinho e muitos outros. 

SINOPSE

O morro da Mangueira é o cenário onde o compositor Tantinho e antigos sambistas da Estação Primeira vão relembrar histórias sobre a favela e o samba. O documentário retrata os desafios e dilemas que os diversos personagens enfrentam em suas vidas para conquistar respeito na comunidade, reconhecimento na escola e espaço no meio artístico.

 

ENTREVISTADOS

Amauri Raposo

Broto

Carlinhos do Pandeiro

Chininha

Cici

Delegado

Guezinha

Hélio Turco

Hermínio Bello de Carvalho

Jaguara

Jorge Catacumba

Nelson Sargento

Neném Macaco

Paulão 7 cordas

Raymundo de Castro

Seu Nego

Suluca

Tantinho

Waldir Marcelino

Wilson Moreira

 

FICHA TÉCNICA

Direção: Pedro von Krüger

Produção: Alípio Carmo, André Horta, José Constant e Pedro von Krüger

Produção Executiva: José Constant e Bruno Arthur

Roteiro: Alípio Carmo e Felipe Bibian

Pesquisa: Alípio Carmo

Direção de Fotografia e câmera: Lula Cerri e Pedro von Krüger

Assistente de Direção: Gabriel Medeiros

Assistente de produção executiva: Pilar Salinas

Assistente de produção: Larissa Centurione

Pesquisa Iconográfica: Vicente Oliveira e Gabriel Bernardo

Fotografia Adicional e câmera: Bacco Andrade, Cris Conceição, Daniel Bustamante

Câmeras: Lula Carvalho, Pablo Baião, Mário Franca, Gabriel Hoffman, Nicolas Mandri, Miguel Lindenberg, Felipe Bibian, Rogério von Krüger

Assistente de Câmera: Nicolau Saldanha, Tomás Camargo, Daniel Terra, Miguel Morais,

Técnico de som: Pedro Sá, Marcel Costa, Bruno Armelin e Evandro Lima

Microfonista: Marcelo Noronha

Assistente de som: Vicente Oliveira

Edição: Marilia Morais, edt

Assistente de edição: Vicente Oliveira, Felipe Bibian, Antônio Porto e Gabriel Medeiros

Finalização de cor: Daniel Canela

Edição de som: Damião Lopes

Mixagem de som: Gustavo Loureiro

Produção: Com Domínio Filmes e Formiga Produções Culturais

Distribuição: Com Domínio Filmes

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Vila Aliança, Futebol, Amor e Franklin Ferreira de Melo

Vila Aliança, Futebol, Amor e Franklin Ferreira de Melo

Com o estádio de Moça Bonita lotado o time da Vila Aliança tornou-se campeão da Taça das favelas 2017

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Foto: Site Oficial Taça das Favelas

O projeto da Taça das Favelas começou em 2012, e ano após ano, vem conquistando espaço não apenas no cenário de desenvolvimento do futebol de base, mas, também como lugar para se exercitar a cidadania. O sucesso se deve, entre outros fatores, à proposta de utilizar o esporte como instrumento de inserção social e de afirmação das identidades locais. Neste contexto o futebol serve para potencializar a cidadania. Além disso, a Taça das Favelas também tem função formadora de novos quadros, pois, visa aproximar, os jovens atletas oriundos das mais diversas comunidades, a oportunidade de realizar o sonho de ser um jogador profissional. Como é o caso dos meninos do Vila Aliança, time que levou a taça das favelas desse ano em um Moça Bonita lotado. Um dos responsáveis diretos por esse sucesso é o apoio, a força e o coração do técnico Franklin Ferreira de Melo.

A emoção do futebol vem de berço pra quem é de comunidade. A Taça das Favelas é como se fosse a Copa do Mundo. É uma oportunidade para os meninos mostrarem quem são. A emoção é indescritível. O futebol é a grande ferramenta de transformação. Eu venho da Vila Aliança. A gente mora em um lugar onde o desenvolvimento humano é um dos piores do RJ então o futebol é a salvação para aqueles meninos. É a oportunidade de sonhar e a Taça das Favelas nos dá essa oportunidade

A equipe da Vila Aliança vem batendo na trave na Taça das Favelas. Em 2015 ficou em segundo lugar perdendo pra equipe de Padre Miguel. No ano seguinte ficaram em terceiro lugar perdendo para o Muquiço, na semi-final, e esse ano o time chegou ao segundo tempo perdendo de 1 x 0 mas aos 45 minutos, literalmente, a equipe da Vila Aliança virou o jogo e levou a Taça. O segredo? Segundo Franklin, é o amor.

O amor é o sentimento máximo que temos na vida. Com o amor você chega a lugares que nunca antes havia imaginado. Naquele momento, perdendo de um a zero, os meninos estavam desacreditados mas desistir nunca foi uma opção porque o time nutria o amor

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Foto: Site Oficial Taça das Favelas

Mesmo com todas as adversidades o time da Vila Aliança já está colecionando histórias de sucesso. Com essa vitória, surgiu a oportunidade para 31 meninos da equipe integrarem o quadro do Sub-17 do Bangu. E, além dos meninos, o Bangu levou também o técnico Franklin Ferreira de Melo que terá como auxiliar Martin Júnior, o Juneca, técnico do vice-campeão da Taça das Favelas: Jardim Bangu. Além dos meninos que irão para o sub-17 do Bangu temos o exemplo de Douglas Lima que hoje joga no Ontário Fury, na Califórnia, e saiu da Taça das Favelas do ano passado. Temos também Alexandre Mello que está com 18 anos e já tem contrato profissional com o Vasco da Gama. Mesmo assim, Franklin alerta:

O mais importante dentro da comunidade é mostrar que eles tem que ter o plano A e o plano B. O projeto tem que servir para dar um norte. As vezes você vai chegar mas outras não. O mais importante é você fazer aquilo que você gosta. Na comunidade não é fácil por conta das adversidades. No campo em que treinamos tem um lixão atrás da trave, tem cavalos e, às vezes, até carro rodando. Nós temos que conviver com isso. Não me faço de vítima, pelo contrário, o segredo está em pegar essas dificuldades e ultrapassar. É o que mostro para os meninos

A taça das favelas também acontece em outros estados e há a possibilidade que para o ano que vem seja realizado o “Favelão 2018”.

 

Motivação

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Foto: Site Oficial Taça das Favelas

Um exemplo, entre tantos, que chama atenção é o de Matheus Piri, craque do time Vila Aliança. Matheus nutre um amor muito grande pelo tio que o criou desde pequeno. Um tio/pai que desperta um misto de ternura e tristeza em Matheus pois hoje é um dos nomes do tráfico local. O sonho dele foi que o tio dele pudesse ver o jogo. A única oportunidade seria se a partida fosse transmitida na TV, ou seja, teriam de ir para a final para contar com a transmissão da TV Brasil. E foi isso que moveu Matheus e consequentemente todo o time em busca do título. Parece roteiro de cinema mas é vida real. Não só chegaram à final mas ganharam, de virada, e Matheus sagrou-se artilheiro do campeonato.

 

Exemplo

Eduardo Silva

Foto: Fabio Wosniak/Site Oficial CAP

Campeão da Taça das Favelas de 1999 com a comunidade Vila Kennedy, o atacante Eduardo Silva é uma das grandes revelações da competição. Naquele ano, ele despertou o interesse de clubes europeus e rumou para a Croácia, onde se profissionalizou e fez sucesso. Chegou a jogar a Copa do Mundo de 2014 pela seleção croata. Depois de passagens por Dinamo Zagreb, Arsenal, Flamengo e Shakhtar, o jogador está de volta ao futebol brasileiro em 2017 para defender o Atlético-PR. E os 31 jovens, novos reforços do Bangu, esperam ter o mesmo sucesso de Eduardo da Silva em um futuro próximo.

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Barbeiragem

Barbeiragem: O documentário que vai mexer com a sua cabeça

Barbeiragem: O documentário que vai mexer com a sua cabeça

As barbearias de favela são um mundo a parte e reúnem atributos que vão muito além dos estéticos. Afeto, reconhecimento, acolhimento, transformação, liberdade... nelas cuidamos da cabeça por fora e por dentro. Foi reconhecendo esse lugar mágico que a dançarina e agitadora cultural Gessica Justino sentiu a necessidade de documentar os espelhos, os sorrisos e as cabeças que passam e as que ficam. Assim nasceu a série documental chamada "Barbeiragem". Para início de conversa, Gessica quer mostrar a vida de dois grandes amigos barbeiros: Mineiro, que é autodidata e corta cabelo há mais de 25 anos, na Mangueira; e Papinho que é discípulo de Mineiro e o tem como grande inspiração.

A ideia de Gessica é ampliar e mostrar a trajetória de outros barbeiros do Brasil e de alguns países da África. O piloto do programa vai ser exibido no Festival Rider que é feito da rua, pra rua, pela rua. Um festival que celebra os Fazedores da cena criativa independente, em eventos descentralizados e gratuitos! Nessas datas, Gessica e os barbeiros vão participar de uma barbearia multimídia, em que as pessoas poderão ouvir música e ver vídeos enquanto fazem barba, cabelo e bigode. A programação você vê aqui. 

Enquanto isso você confere o teaser de "Barbeiragem":

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Complexo do Lins por Clara Sthel

Complexo do Lins por Clara Sthel

Ela é uma das nossas primeiras leitoras e vibra na mesma frequência do ZN Etc. Com um olhar delicado e atencioso Clara Sthel registrou alguns momentos no Complexo do Lins e divide esse bom gosto de cliques com a gente! Nós já estamos esperando mais e mais registros maravilhosos como esse da nossa querida Clara Sthel

 

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