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“Deixa na Régua” – Entrevista com o diretor Emílio Domingos

"Deixa na Régua" - Entrevista com o diretor Emílio Domingos

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Nessa quinta-feira, dia 10 de Agosto, estreia o documentário “Deixa na Régua” de Emílio Domingos no INSTITUTO MOREIRA SALLES com sessões às 16h e 20h e no CINE SANTA com sessão às 17h10m. O filme foi premiado no Festival do Rio na Mostra Novos Rumos, já foi exibido Salvador, Paris, Suíça e em setembro ele será exibido nos EUA na Brown University. No longa, acompanhamos as resenhas entre os clientes das barbearias de Belo (na Vila da Penha), Ed (no Morro da Caixa d’Água, entre Quintino e Piedade) e Deivão (em Piabetá, Magé). “Deixa na régua” é a segunda parte da “Trilogia do corpo”, que Domingos irá completar com o próximo filme que será “Favela é moda”, sobre as agências de modelo nos morros cariocas. Ele conta tudo isso e muito mais nessa entrevista maravilhosa.

Sessões do filme no Festival du Cinéma Brésilien de Paris

 

Como surgiu a ideia de rodar o “Deixa na Régua”?

É um filme sobre sociabilidade nos salões de barbeiro. Quando estava gravando o filme anterior, “A Batalha do Passinho” eu percebi que tinha uma estética nova na cabeça dos jovens da periferia. Eles falavam da importância desses espaços e muitos desses meninos iam pro salão na sexta-feira e isso era uma passagem obrigatória na semana deles. É importante pra eles se cuidarem e terem esse cuidado estético. Então resolvi ir ao salão por curiosidade. Às vezes ficavam cerca de 20 garotos aguardando pra cortar o cabelo e explorei isso: A sociabilidade do salão. Esse espaço de troca de ideias.

 

É um filme sobre amizade, sobre sociabilidade mas que acaba sendo também sobre a nova juventude da periferia do R.J.?

É uma juventude que é muito criativa e muito inspiradora ao contrário do que as pessoas que tem uma visão pessimista da sociedade acham. Através desse filme eu consegui ver que tem uma preocupação grande com a sociedade por parte desses jovens. As conversas que acontecem nos salões refletem as questões que estão ligadas à essa juventude e de certa maneira ao futuro da cidade.

 

O clima nas barbearias seria o oposto do que vemos nas redes sociais?

A barbearia é um espaço extremamente democrático onde se respeitam as opiniões alheias. Existe quase que um clima familiar pelo fato de as pessoas se encontrarem semanalmente, mesmo pessoas de lugares diferentes frequentam a mesma barbearia... Isso faz com que o espaço se torne um espaço de conversa aberta e as pessoas tentam atualizar os assuntos que acontecem durante a semana e que sensibilizam... Vira um espaço no qual o barbeiro passa a ser um mediador... É impressionante como eles possuem essa capacidade de mediar esses debates espontâneos que acontecem. Por incrível que pareça, por trás de todo esse mundo da vaidade e da estética existe uma relação de amizade entre barbeiros e os clientes e de extremo diálogo entre todos que frequentam o salão. É um espaço bastante cordial e jovem.

 

Você já sofreu algum tipo de preconceito ou resistência por conta da temática que você aborda nos filmes e que retratam sempre essa realidade suburbana?

Infelizmente sim. Algumas pessoas tem um certo receio e preconceito do que vão ver e não estão abertas a conhecer outras realidades. O que é um problema do Brasil atual. As pessoas estão muito intransigentes e o preconceito não ajuda em nada.

 

emilio domingos - leo martins

Foto: Leo Martins

Só através do conhecimento mútuo e da troca de ideias vamos construir uma sociedade melhor

 

 

O documentário  “Deixa na Régua” é o segundo filme da “Triologia do Corpo”. Qual o próximo filme que irá fechar essa série?

Será “Favela é Moda”. É mais sobre o universo feminino e as questões que abrangem o mundo da moda e sua padronização. Pois há um questionamento por parte de jovens que se interessam em ser modelos e são negras e negros e que não estão dentro do padrão que a moda tenta imprimir. Então é um questionamento em relação à isso.

 

Deixa na régua zona norte etc

 

Tico Santa Cruz_Imperator_Zona Norte Etc_Agenda Cultural_Detonautas_3_

ZN Entrevista – Tico Santa Cruz

A ZN é mesmo um lugar especial. Tanto que o palco do Imperator – Centro Cultural João Nogueira foi escolhido pelo cantor e ativista Tico Santa Cruz para pedir a mulher em casamento no último show da banda por essa região tão mágica. Surpresa para Luciana Rocha e também para os fãs que vibraram muito com o fato inesperado. O pedido veio antes da música “Um Cara de Sorte” e arrancou suspiros das roqueiras românticas de plantão.

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Foto: Instagram: @lais.gf

Nossa editora Carol Rabello bateu um papo com ele sobre a ZN e os movimentos de resgate da nossa cultura, nossas ocupações de praça, coletivos e tudo mais. Tico ressaltou a importância desses movimentos para criar jovens protagonistas:

Acho que é fundamental. A cultura que modifica a sociedade. Na medida em que ela é valorizada nós fortalecemos um novo pensamento e quebramos um velho paradigma, dando para a juventude a oportunidade de serem protagonistas.

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Foto: Fabiano Albergaria

Sobre a cena rock and roll do RJ ele destacou a importância dos movimentos como #ACenaVive e Imperator Novo Rock mas deixou bem claro que o público deve fazer a parte dele que é comparecer aos shows e eventos:

Vejo a cena com muito otimismo. As bandas estão com vontade de fazer acontecer. A Cena Vive e o Imperator Novo Rock são movimentos importantes embora eles estejam no mesmo ciclo. É importante salientar que quanto mais pessoas envolvidas mais chance de dar certo. Também é importante que o público entenda e compareça para prestigiar as bandas.

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Foto: Fabiano Albergaria

Seguindo a tendência da banda eles acabaram de lançar na internet uma música nova, chamada “Melhor Plantar o Bem”, em parceria com o Cláudio Paradise. Uma mistura de rock e reggae bem legal. Santa Cruz ressalta que disco completo e físico não está nos planos no momento por ser uma maneira muito engessada de fazer música mas sempre libera o download das faixas novas pela rede:

A gente saiu da linha dessa linha engessada do mercado fonográfico de fazer discos… desde 2007 lançamos singles avulsos na internet pelos meios paralelos digitais e privilegiando a imprensa que não está relacionada à grande mídia e agora lançamos uma música que é uma mistura de reggae e rock chamada “Melhor Plantar o Bem”. Na medida em que a gente se sente à vontade vamos lançando na internet. Não precisa comprar. Pode baixar à vontade, ouvir no Deezer e lógico, ir aos nossos shows.

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Foto: Fabiano Albergaria

Ouça o novo som do Detonautas

Zona Norte Etc - Another Hot Brand With An American Name - Rick Yates - Rio Música Contemporânea - Imperator - Centro Cultural João Nogueira

ZN Night: Rio Música Contemporânea

Na última quinta-feira o Imperator – Centro Cultural João Nogueira recebeu a estreia do Rio Música Contemporânea, evento que promete trazer mensalmente os principais nomes da nova cena musical brasileira para a Zona Norte da cidade.

Com formato bem divertido, as bandas se entrelaçam transformando o show numa grande jam session em que os músicos se alternam, o que possibilita uma variedade de estilos que nesta edição foi do melódico Tono à rima feroz de Mc Sant. Além destes artistas, passaram também pelo palco a banda Séculos Apaixonados, o cantor Qinho, idealizador do projeto, e Mart’nália, convidada ilustre, que encerrou a noite com muita simpatia, animação e samba no pé.

Enquanto os artistas apresentavam suas composições no palco, uma outra forma de arte se desenrolava na lateral do teatro: a moda. Com uma bancada divertida e peças com frases inusitadas e tiragem limitada, a marca Another Hot Brand With An American Name trouxe para a Zona Norte seu estilo despojado ao propor a produção de camisetas ao vivo. A música rolava e o uniforme oficial do festival, uma t-shirt branca com o nome do evento, era carimbada em tinta vermelha, ali na hora. E para entender melhor esse mix de música, moda e arte que é a marca, conversamos com o criador Rick Yates, que nos contou um pouco sobre como surgiu o projeto:

Zona Norte Etc - Another Hot Brand With An American Name - Rick Yates - Rio Música Contemporânea - Imperator - Centro Cultural João Nogueira

Foto: Fabiano Albergaria

A Another como ideia já existe há uns quatro anos. Eu trabalhava com moda e numa saída de amigos, todos desse mercado, começamos a pensar num conceito de marca e eu fui o louco que anotou tudo. Então são detalhes como só ter peças unissex, o mood da marca de ser uma marca do casal independentemente da opção sexual e ter essa relação com a sensualidade e sexualidade

Mas o diferencial da Another é carregar em seu DNA a versatilidade de também ser uma produtora cultural e Rick explicou essa proposta:

Comecei a marca já como produtora cultural, porque foi a forma de unir todos os meus interesses: teatro, música, moda. Foi uma maneira de entender que o produto físico poderia caminhar junto com o produto cultural, que pode ser um wokshop de atuação ou um show como esse. Conversei com o Qinho que me contou sobre o projeto, que tem esse olhar bacana pro que está acontecendo fora da Zona Sul,diferente do olhar meio datado, meio velho de Ipanema ou Copacabana…

E para nós é um prazer participar dessa mudança de olhar! Que venham as próximas edições do festival!

Para saber as próximas datas, fique ligado por aqui na nossa agenda cultural ou nas dicas ZN que damos ao longo da semana. Na galeria abaixo você confere as imagens do que rolou.

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