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ZN Colaborativa – Filmes e documentários trazem a moda como temática

Hoje temos uma ZN Colaborativa especial do querido jornalista Rafael Moura*, que preparou uma compilação dos melhores filmes sobre moda. Então fica a dica pro final de semana, é só preparar a pipoca e se jogar na frente da telinha para acompanhar esse passeio fashion!

A moda e o cinema têm flertado de uma forma fullgás nos últimos anos; não é por acaso que desde o sucesso de “O Diabo Veste Prada” os filmes sobre o tema têm invadido as telonas e até mesmo os canais on demand e tvs por internet. Então, é claro que a galera do Zona Norte Etc não poderia ficar de fora, por isso, mando meu primeiro post para o ZN Colaborativa com uma lista dos últimos lançamentos que premiam o mundo fashion.

Ícone Fashion

Uma excêntrica e estilosa senhora de 93 anos é tema do documentário “Íris”. O filme que acaba de chegar as salas de cinema, nos Estados Unidos, mostra a rotina da senhora Íris Apfel, uma das pessoas mais fascinantes da moda que dá lições diárias não apenas sobre estilo, mas também sobre vida. Sua excentricidade, assim como sua sensibilidade, são captadas pelas lentes do diretor, que mergulha em sua vida e abre as portas de seu apartamento em Nova York, de seu closet único e absurdo e de sua mente sagaz.

Iris nasceu no Queens, Nova York, e entrou na moda nos anos 1950, quando ela e seu marido Carl – que festejou 100 anos durante a filmagem – abriram a Old World Weavers, uma empresa de tecidos que chegou a ser contratada por nove presidentes americanos para restaurações da Casa Branca.

Advanced Style

Durante a última edição do Festival do Rio, em 2014, assisti ao documentário “Advanced Style”, de Lina Plioplyte, que já está disponível no Netflix. O longa, inspirado no blog homônimo de Ari Seth Cohen, (filmado ao longo de três anos e financiado por meio de uma campanha na internet) começa justamente com o fundador explicando por que iniciou a página. O vídeo observa a intimidade de sete mulheres com idades entre 62 e 95 anos, que vivem em Nova York. O documentário investiga as maneiras com que o estilo pessoal eclético e independente dessas senhoras cheias de cores e vida desafia as ideias convencionais sobre beleza e envelhecimento em uma sociedade obcecada pelo conceito de juventude.

Homme Less

Rosto de marcas como Versace, Moschino, Chanel e Missoni, o modelo Mark Reay, 56 anos, é protagonista do documentário “Homme Less”. O título do projeto é um trocadilho na língua inglesa com a palavra homeless – sem-teto, traduzindo para o português. Mesmo acumulando muitos trabalhos no mundo da moda e até mesmo na televisão (Mark teve um pequeno papel na primeira temporada de Sex and City e algumas participações em The Good Wife) e mesmo assim, ele nunca conseguiu renda suficiente para comprar a própria casa. “Eu só ganho R$ 10 mil dólares ao ano”, diz no trailer.

O norte-americano vive no telhado do apartamento de um amigo em Nova York. Com o dinheiro que conseguiu em campanhas publicitárias, no entanto, o modelo ao menos adquiriu um bom plano de saúde e uma inscrição numa academia, onde mantém a forma. Assista abaixo ao trailer e constate: o mundo da moda pode não conviver com o luxo.

SITE OFICIAL – http://www.homme-less.com/

Sem Glamour

Falando ainda do universo dos modelos masculinos, o jornalista e ex-modelo Pedro Andrade traz o documentário Unglamorous – The Naked Truth About Male Models” (em tradução livre, “Sem Glamour – a verdade nua sobre os modelos masculinos”). O vídeo mostra a rotina dos “meninos da moda” que aparecem sob os holofotes das melhores passarelas internacionais, mas que têm uma vida nada glamourosa.

Produzido nos Estados Unidos nos últimos seis meses, o vídeo, conta com a participação de nomes como o supermodelo sueco Alex Lundqvist, o top americano RJ King e Cameron Keesling, que mesmo estando na capa da “Vogue” Itália ainda mora em um pequeno trailer. A ideia do diretor é mostrar a desvalorização do mercado masculino comparado ao feminino: só para se ter uma ideia, em 2014, Gisele Bündchen faturou US$ 48 milhões, enquanto o modelo masculino mais bem pago fez US$ 1,8 milhão.

Thrilller

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O diretor Nicolas Winding Refn encerrou as filmagens de seu novo longa, “The Neon Demon”. O filme de terror é passado em Los Angeles e foca no ambiente de moda para contar uma história sobre a obsessão pela beleza e traz a atriz Elle Fanning como protagonista.

A Jovem vive a aspirante a modelo Jesse, que vai tentar a sorte em Los Angeles e se vê rodeada por mulheres que são obcecadas por beleza, comandadas por Sarah (interpretada pela modelo Abbey Lee Kershaw). Sua juventude e vitalidade são devoradas por essas mulheres que farão qualquer coisa para ter o que ela tem: frescor e beleza.

O filme de terror foi inspirado na história da condessa húngara Elizabeth Báthory de Ecsed (1560 – 1614), conhecida como a maior assassina feminina que já houve. Chamada de The Blood Countess, ela foi acusada de centenas de assassinatos de jovens mulheres. Diz a lenda que ela se banhava no sangue de vítimas virgens para se manter jovem.

O elenco também traz Keanu Reeves, Christina Hendricks e Alessandro Nivola. O longa tem estreia prevista para 2016 e deve passar por aqui no Brasil, pois sua venda foi bem em Cannes e ele foi comprado por diversas distribuidoras, inclusive pela California Filmes, que atua na América Latina.

Dior e eu

O documentário “Dior e Eu” (2014), do diretor Frédéric Tcheng, entra em cartaz no Brasil no dia 27 de agosto, com mais de um ano de atraso em relação à pré-estreia mundial no Festival de Tribeca, em abril do ano passado. O filme que tive oportunidade de assistir também no Festival do Rio, em 2014 mostra imagens de backstage do primeiro desfile assinado por Raf Simons para a Dior, em julho de 2012. Tcheng, mesmo diretor de “Valentino: The Last Emperor” e “Diana Vreeland: The Eye Has to Travel”, usa palavras do próprio Christian Dior da década de 1940 para contar a história, o que deixa evidente que a ansiedade que passava em sua época muitas vezes é a mesma de Raf nos dias de hoje.

O filme abre espaço para mostrar o nível de profissionalização, dedicação e competência dos profissionais que trabalham com o novo diretor criativo. Também apresenta Raf como um homem reticente, calmo, tímido, concentrado e que não perde o controle — apesar de mostra-lo vulnerável conforme o desfile se aproxima.

Para os amantes da moda, certamente será difícil não se deixar levar pelas lindas imagens de confecção dos vestidos e pela ansiedade nos minutos que precedem o início dos desfiles. Mas talvez a grande informação que devemos ter em mente é que trata-se de um filme bancado pela própria grife. Tendo isso em mente, certamente o filme vale como um registro histórico desta era em que os estilistas são tão transitórios para as grifes. Se a ansiedade muitas vezes é a mesma independentemente da época, hoje os estilistas são uma peça facilmente substituível na indústria da moda. Bem diferente da época de Christian Dior.

Valor Real

Minha última indicação é um verdadeiro “tapa na cara” e me fez pensar muito nos últimos dias sobre o valor real da moda. O filme “The True Cost” que assisti no Netflix, mostra o olhar do diretor Andrew Morgan, depois de ter ficado extremamente comovido com o colapso do Rana Plaza, em Bangladesh, que matou mais de mil trabalhadores da moda.

O longa narrar “uma história sobre a roupa. (The True Cost) É sobre as roupas que vestimos, as pessoas que as fazem, e o impacto que a indústria (da moda) está tendo em nosso mundo. O preço do vestuário vem diminuindo ao longo de décadas, enquanto os custos humanos e ambientais têm crescido dramaticamente. The True Cost é um documentário inovador que puxa a cortina sobre a história não contada e nos pede para considerar: quem realmente paga o preço por nossa roupa?”.

Morgan passou por diferentes países que produzem roupas para grandes redes varejistas como Bangladesh, Índia e Camboja. O longa conta com entrevistas de ativistas da moda consciente como a estilista Stella McCartney, Livia Firth e Vandava Shiva.

Temas cruciais, além da mão de obra humana na indústria da moda, que é composta 85% por mulheres jovens, são abordados. Entre eles a estonteante taxa de suicídio (1 a cada 30 minutos) entre os produtores de algodão da Índia (hoje, o maior exportador de cotton do mundo), as comunidades que estão literalmente morrendo por conta dos curtumes no Camboja, as montanhas de lixo têxtil vindo do ocidente que se acumulam nas comunidades mais pobres do mundo, e outros problemas e soluções para essa bola de neve gerada pelo consumo exagerado de roupas muito baratas.

O objetivo do longa é examinar onde a indústria da moda está hoje (incluindo o fato alucinante que temos visto um aumento de 500% no consumo de vestuário nas últimas duas décadas) e quais as alternativas para criar um futuro melhor. “The True Cost é um projeto sem precedentes, que nos convida a uma viagem elucidante sobre a vida de muitas pessoas e sobre os lugares por trás de nossas roupas”, explica o diretor.

*Rafael Moura é editor de conteúdo e especialista em comportamento

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